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Arena Bar, histórias por trás de um projeto.

Foto do escritor: FinottatoFinottato

Quando o arquiteto concebe um projeto para um cliente, a palavra final sempre é a dele. Quem contrata, mesmo que tenha afinidade com o estilo do arquiteto, vai desejar imprimir a sua identidade, seus gostos pessoais e vivências no seu cantinho.


E quando o projeto pode ser totalmente concebido e executado pelo profissional, é muito diferente: a liberdade de criação não tem limite!


Para ilustrar isso, trazemos um caso bem especial, onde 4 arquitetos se juntaram para dar vida ao Arena Bar, espaço criado no tradicional estádio Mané Garrincha onde foi realizada a última edição da Casa Cor Brasília.


A porta-voz das histórias por trás do ambiente foi a designer de interiores Dora Lettieri e que como ela mesma definiu "feito a quatro mãos", pois tudo foi concebido e executado pelo escritório Giovanini Lettieri Arquitetos (composto por Giovanini Lettieri, Dora Lettieri e Enrico Lettieri) junto à Dani Bessa Arquitetura.


Imagem da equipe de arquitetos
Enrico Lettieri, Daniela Bessa, Giovanini Lettieri e Dora Lettieri.

Em projetos “normais”, a designer explica que no fim das contas o que prevalece é o gosto do cliente, afinal, o espaço será ocupado pelo próprio. Em contraponto, mostras como a Casa Cor, existe a liberdade poética para criar: “É o momento de ousar, mostrar a nossa cara e as tendências, é a hora de impactar”.


E por falar em Casa Cor, a mostra faz parte da história da dupla: o arquiteto e urbanista Giovanini Lettieri e a designer Dora Lettieri. Os dois se conheceram na edição de 2002, tornaram-se parceiros de vida e mais tarde, companheiros nos negócios também.


Desde então, juntos construíram o caminho do sucesso. Foram muitos os projetos, mostras e Casa Cor. É a 10ª que o escritório Giovanini Lettieri Arquitetos participa e dentre todas elas, qual foi a edição mais importante? “Aquela que ainda não participamos” Dora respondeu em tom de brincadeira, com um largo sorriso no rosto. “Cada mostra e projeto é importante, mas a edição de 2023 foi especial!” completou.


A CASA COR DAS PRIMEIRAS VEZES

Foi a primeira vez que o Giovanini Lettieri Arquitetos trabalhou em parceria com outro escritório, Dani Bessa Arquitetura.


A Dani é amiga do casal e tem uma história muito interessante, ela não ingressou de primeira no mundo arquitetônico, cursou Direito, atuou por um tempo como advogada e depois de alguns anos ingressou na faculdade de arquitetura e fez sua primeira Casa Cor. “A Dani é uma pessoa muito amiga e querida, foi um prazer dividir esse momento com ela”.


Quem também estreou na mostra foi o enteado da Dora, Enrico Lettieri recém-formado em arquitetura, “Foi a primeira Casa Cor dele, foi muito bacana vê-lo trabalhando junto ao pai, os dois têm uma história muito bonita”, revela com os olhos brilhando e transbordando orgulho.


Além das novas experiências de participações, a profissional pontuou também uma peculiaridade, diferente de outras mostras o espaço permanecerá. “Essa edição foi muito especial também, porque trabalhamos em um ambiente que será permanente.

Mesmo que tenha alguns ajustes, a nossa assinatura vai continuar lá”.


ARENA BAR

“Quando fomos convidados para fazer esse projeto, primeiro ficamos muito felizes, pois o Estádio Mané Garrincha é um local ícone em Brasília, com uma arquitetura diferenciada. Então, tínhamos que respeitar o que já existia ali. É uma área que tem acesso para as arquibancadas, o estádio faz parte do ambiente”.


Casa Cor Brasília 2023 - Estádio Mané Garrincha
Arena Bar. Foto: Edgard César.

“Foi muito gostoso, bacana e desafiador, que no final deu muito certo!” comentou sobre o projeto que teve muitas peculiaridades por se tratar da construção de um ambiente dentro de uma estrutura já pronta e que seria permanente.


O espaço intitulado Arena Bar é um bar frequentado pelas pessoas que vão ao estádio, “então havia muitos detalhes a serem levados em consideração, como por exemplo, o estádio é todo em concreto aparente (maravilhoso!). Como o nosso desejo era criar conexão, para não ficar algo diferente, conseguimos buscar materiais que conversassem com o que já existia”. Mesmo com esse cenário, conseguiram trabalhar tudo o que imaginaram, buscando por materiais e peças que atendessem a estrutura e que não comprometessem o resultado desejado.


Um desses materiais foi o vinílico, “como o pé direito não é alto, optamos pelo uso do piso vinílico por possuir uma espessura mínima e isso foi fantástico! Outro quesito a considerar foi o peso dos materiais”. Inclusive, isso ficou muito claro ao optarem pelo mármore, “Escolhemos o mármore para colocar na parede, criamos um desenho e ficou lindo! Até brincamos que seria um local instagramável. Mas a logística para levar essa peça, seu peso e estruturá-la no lugar foi inviável, tivemos que desistir! A Casa Cor é muito rápida, temos que ser muito sagazes para procurar alternativas e soluções rápidas. É preciso ter planos A, B, C e até D para conseguir resolver de forma ágil e eficaz”.


Incorporar produtos que tivessem fácil aplicação foi a preocupação dos autores do Arena Bar. “Soluções práticas, rápidas e obra limpa hoje, é o que todos querem. Também buscamos cores e acabamentos, mas mais do que isso procuramos produtos que fossem sustentáveis, que respeitassem o meio ambiente”.


Casa Cor Brasília 2023 - Estádio Mané Garrincha
220 m² de Cinza Granito (Quadratta PRO) no chão. Foto: Edgard César.

CORPO E MORADA

O tema da mostra trouxe essa reflexão e foi traduzida pelos profissionais na construção de um layout em que os usuários pudessem fluir pelo ambiente, proporcionando interação entre eles. Para isso, trabalharam com módulos orgânicos integrados, utilizaram acabamentos de tecidos e pinturas agradáveis ao toque, com a intenção de despertar sensações de acolhimento e lar.


“Durante o período de reclusão que passamos na pandemia, nós vivíamos apenas nas residências e os ambientes externos, como escritórios, foram incorporados a elas. Quando tudo acabou, as pessoas ficaram sedentas por sair e ver gente. Partindo disso, ao invés de conceber um ambiente mais tradicional, o nosso desejo foi criar um espaço que remetesse a glamourização do sair e ao mesmo tempo gerasse a sensação de estar em casa. Transmitindo leveza, com peças soltas que permitissem interação e que fugissem do isolamento”.


Esse desejo de conexão, vai na contramão de um mundo cada vez mais volátil e digital, que faz com que percamos o contato com as pessoas, como pontuou a designer. Para resgatar um pouco desse vínculo, a Dora desenhou uma peça-casulo e optou por uma produção mais artesanal. “Procuramos por meio do design e arquitetura valorizar também os artesãos e o Shelter foi produzido por um deles, e ficou maravilhoso. Essa relação é importante, assim como trabalhar com os grandes fabricantes que também é interessante e tem o seu valor”.


Casa Cor Brasília 2023 - Estádio Mané Garrincha
Shelter, peça produzida artesanalmente. Foto: Edgard César.

PROJETO A 4 MÃOS

Como coordenar ideias de quatro pessoas diferentes em um único projeto? Segundo a Dora, isso foi um desafio, mas com um diferencial, “A criação é egoísta, cada um é detentor de suas próprias inspirações e ter que dividir e respeitar é um exercício. Mas, no nosso caso, existiu a especificidade de cada um considerar o espaço do outro".

O processo de divisão aconteceu naturalmente, cada profissional ficou encarregado daquilo que já tinha habilidade, o que facilitou o surgimento das ideias. Para ilustrar um pouco desse movimento: o Enrico criou pequenas mesas para serem colocadas ao lado das cadeiras das arquibancadas e também sugeriu luminárias que deram um toque muito aconchegante; a Dora desenhou o Shelter e junto à Dani, escolheram o mobiliário; e os revestimentos, como o piso vinílico e o painel ripado, foram escolhidos pelo Giovanini, além de ter ficado também com a parte estrutural. “Teve um episódio em que foi criado um detalhe em pedra ônix, para colocar no balcão e na hora da instalação foi bem difícil e complicado. Como o Giovanini é muito entendido sobre engenharia, solucionou a situação com perfeição”.


A VONTADE DE DAR CERTO

Era tanta sinergia entre a equipe, que até o que parecia ser um entrave tornava-se uma oportunidade de enriquecer o espaço.


A peça-casulo foi um dos exemplos. Quando a Dora desenhou, os parceiros de projeto tiveram a impressão de já terem visto algo parecido em outra mostra, o que fez com que deixassem a ideia de lado. Mas, logo voltou a mente quando a designer, durante sua estadia em Genebra, avistou uma peça que lembrava a dela e se encantou.


Naquele momento ela teve a certeza de que deveria ir adiante com o projeto da peça.

Houve também a hora em que quiseram pintar o teto da cor preta, porém, ficaram em dúvida se o efeito diminuiria mais a altura, já que o pé-direito não era alto, mesmo assim arriscaram. A designer autora das luminárias ficou penalizada ao ver o teto, contudo, na hora de ligá-las a mágica aconteceu: “as luzes refletindo no teto, o efeito foi fantástico” comemorou Dora. “A vontade de dar certo era tanta, que no final tudo acabou acontecendo! Contando obviamente com as vivências e experiências que a equipe tem”.

Casa Cor Brasília 2023 - Estádio Mané Garrincha
Ao fundo: as peças-casulos (shelters) e o detalhe do teto com as luminárias. Foto: Edgard César.

A FUNCIONALIDADE TAMBÉM É IMPORTANTE

Para a designer, o equilíbrio entre estética e funcionalidade é o cuidado que o profissional sempre deve ter. “Nosso objetivo é criar ambientes onde elas convivam em perfeita harmonia, no qual o projeto final seja um reflexo das aspirações de cada cliente”.


“A funcionalidade para mim é um dos quesitos mais importantes e eu vejo muitos projetos não darem certo por falta de uma análise mais profunda. E para isso não acontecer, o primordial é a comunicação. Conversar com quem vai usar o espaço e entender as necessidades por meio de estudos sobre o ambiente para o encontro de um equilíbrio com a estética. Saber os detalhes da dinâmica do espaço faz a diferença. Todas essas informações são parte do cuidado que é imprescindível o profissional ter”.


Por isso também gostam de utilizar o piso vinílico em seus projetos, “A obra é limpa, a instalação é fácil, é leve, é gostoso ao toque e de pisar e não é um revestimento frio. Essas características são significativas”.


Na obra do Arena Bar, a Dora me relatou que a instalação foi tranquila e feita por cima do piso já existente e como o pé-direito não é alto, colocar um revestimento que fosse muito espesso comprometeria o espaço. E o que mais a encantou foi a praticidade, “Estavam cortando o gesso e colocaram a serra elétrica ligada sobre o piso, o que resultou em um grande arranhão. Na mesma hora o instalador, retirou a placa e a reinstalou. Não teve problema algum, prático e rápido!”, falou admirada.


Giovanini Arquitetura e Finottato

Para a nossa felicidade, também estivemos presentes no Arena Bar.

Chiara Brandão, diretora do Grupo Eixo (grupo que conecta pessoas e fortalece negócios nas áreas de arquitetura, decoração e construção) apresentou o Rogério Coltrin, proprietário da Detalhe Acabamentos (loja parceira da Finottato) ao Giovanini Lettieri e Enrico Lettieri, que escolheram o piso em placa Cinza Granito da linha Quadratta PRO.

 

O RESULTADO FINAL

Por trás de grandes projetos, profissionais que fazem a diferença.

Ao final da nossa videochamada, a Dora me apresentou o Giovanini (que infelizmente não pôde participar do bate-papo por conta de um compromisso) e o Enrico. Ao vê-la apresentando-os, com o rosto iluminado e um orgulho que eu conseguia enxergar do lado de cá da tela, eu entendi tudo e o resultado não poderia ser diferente, um espaço sofisticado e ao mesmo tempo imponente e aconchegante; não feito a quatro mãos, mas a quatro corações.


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Serviço

Giovanini Lettieri Arquitetos

 

Dani Bessa Arquitetura

@danibessaarquitetura

 

Detalhe Acabamentos

@detalhebrasilia

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