Do ponto de vista mercadológico, especificamente o da arquitetura, o novo momento
apesar de mais limitado - já que no escopo usual de trabalho estão as visitas às obras, a clientes, às lojas de mobiliário e decoração – coloca o profissional em um novo cenário e em grande grau de importância, já que todos os olhares se voltam para a casa.
O desafio enfrentado provavelmente é enorme, e para saber um pouco mais sobre isso, conversamos com 2 arquitetas parceiras que nos contaram um pouco sobre como estão trabalhando no contexto atual.
Marcella Ker Maria Claudia de Morais Bastos @marcellaker_arquitetura @mariaclaudiamoraisarquitetura Belo Horizonte - MG Feira de Santana - BA
1. Neste momento, a arquitetura ganha um novo significado ou reforça sua essência primária?
Marcella - A essência primária da arquitetura é propor soluções, construir abrigos para que possamos atender as nossas necessidades de existência. De certa forma, este momento de pandemia reforça esta essência de se voltar para a casa. Mas acredito que, com novas tendências e olhares, os espaços abertos, a iluminação e ventilação natural, passam a ter mais importância e sejam mais desejados. Outra tendência é a transição entre o externo e o interno, com áreas para higienização e armazenamento dos itens de fora. Também, acredito que vamos reforçar a ideia da setorização da casa por tipos de atividades, fazendo com que um cômodo tenha mais de uma funcionalidade, por exemplo, o quarto não será criado apenas para dormir, mas também para que se possa trabalhar. Assim, daremos mais versatilidade para ambientes, móveis e o próprio modo de viver.
Maria Claudia – Acredito que um pouco de cada coisa, as pessoas estão passando mais tempo em casa e ressignificando o seu próprio espaço, entendendo a importância de ter ambientes aconchegantes, acolhedores e que nos proporcionem o bem-estar. A nossa casa é o nosso abrigo, nosso refúgio e até agora o melhor 'remédio' em tempos de pandemia.
2. Você precisou se reinventar? Quais os desafios enfrentados? Como você se adaptou?
Marcella - De certa forma, sim! Já estávamos caminhando para o trabalho com as redes sociais. Mas logo no início da pandemia, quando ainda estávamos com muitas dúvidas do que iria acontecer, sentimos a necessidade de estar ainda mais próximos de nossos clientes e seguidores. E assim, começamos a enviar mensagens, a fazer lives, a ligar para os clientes para saber como estavam e se precisavam de algo. Além disso, outras ações foram realizadas como: reuniões online – que funcionou muito bem - e na parte financeira, flexibilizamos a forma de pagamento. Apesar do momento difícil, acreditamos muito na evolução no dia a dia e que em todas situações podemos aprender algo.
Maria Claudia - Sim, foi preciso se reinventar. Um dos principais desafios foi ter toda a equipe trabalhando em home office, a revisão de projetos demanda mais tempo nessa modalidade; por outro lado, começamos a fazer reuniões virtuais com os nossos clientes e isso nos permite uma excelente flexibilidade de horários. Graças a Deus, a nossa profissão nos permite trabalhar de casa, então foi bem fácil se adaptar. Confesso que sinto falta de ter toda a equipe junta, mas feliz porque o trabalho não parou.
3. Como serão os espaços pós-pandemia?
Marcella - Nós já iniciamos projetos pensando nestes novos espaços. Estamos recebendo demandas de empresas que também estão pensando neste propósito. Acreditamos que serão espaços com maior possibilidade para os cuidados com a higienização pessoal, espaços mais abertos com menos recursos de ar-condicionado, com maior solução climática e iluminação natural. No meio da pandemia, uma dessas demandas foi a transformação de uma copa para os funcionários. O espaço, que contava com poucas aberturas e espaços, foi modificado em um lugar ventilado, amplo e com boa luminosidade.
Maria Claudia - Está havendo uma grande procura por espaços maiores, mais aconchegantes, com mais verde e com ambientes de trabalho também. Acredito que muitas pessoas manterão a modalidade de home office mesmo após a pandemia: é produtivo, sustentável e é possível trabalhar perto dos nossos.
4. Qual o papel do profissional de arquitetura no desenvolvimento de soluções sociais deste cenário?
Marcella - O nosso papel neste momento é, de fato, pensar em meios de viabilizar, de estar presente e de passar conteúdos sobre ambientes mais salubres, além de pensar em estratégias de versatilidade.
Maria Claudia - A gente vive arquitetura desde a hora em que acordamos até a hora de dormir: em casa, no trabalho, nas escolas, nos hospitais, no planejamento das cidades, na mobilidade... e projetar espaços salubres, bem ventilados, bem iluminados e amplos nunca foi tão importante. O arquiteto deve ter como objetivo o bem-estar do usuário, sempre.
5. Para fazer a diferença é preciso que o profissional tenha um grande grau de influência no mercado?
Marcella - De modo muito geral, fazer a diferença basicamente é fazer com que cada cliente sinta-se cuidado, conectá-lo com a essência da arquitetura, gerar possibilidades e soluções, respeitar a história de cada um e entregar o melhor de si.
Maria Claudia - Para fazer a diferença, primeiro é preciso amar o que se faz em qualquer que seja a profissão. Pode parecer clichê mas é verdade, é preciso também ser um profissional responsável, ético e inovador. Transformar a vida das pessoas é o propósito da arquitetura, o sonho dos nossos clientes são tão deles quanto nossos. A influência vem com experiência, com a jornada profissional e com cada projeto entregue com muito amor e dedicação.
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