A figura feminina está ocupando cada vez mais o seu espaço mesmo em lugares majoritariamente masculino, como a construção civil, onde a força é pré-requisito para a garantia do trabalho.
Nos últimos anos, temos testemunhado uma mudança significativa nesse contexto, com um aumento notável na presença de mulheres em um setor historicamente dominado por homens. Essa tendência crescente revela não apenas uma quebra de estereótipos de gênero, mas também a contribuição valiosa que as mulheres estão dando à indústria da construção.
A valorização da criatividade e da sensibilidade feminina têm contribuído para o aumento da participação e sucesso nesse setor.
Para se ter uma ideia dessa presença cada vez mais constante, entre os anos de 2007 e 2018, o crescimento foi de 120%, já são 200 mil mulheres participando ativamente no setor (Fonte: IBGE).
E a atuação delas abrange diversas atividades, que vão além das tradicionais e já ocupadas em larga escala nas áreas de arquitetura e engenharia. E elas não ficam somente na gerência, também pegam no pesado nas funções de: pedreira, servente, carpinteira, ajudante de obras, técnica em edificações, segurança do trabalho, entre outras funções.
A busca pelo trabalho nos canteiros de obras tem motivações diferentes, é o caso da engenheira civil Manuella Adriana Leal que prefere a vida agitada das obras à rotina de um escritório. Entre as suas funções está todo o acompanhamento da obra, o controle dos insumos, a relação com os terceirizados, alteração da planta solicitada pelo cliente e até mesmo a parte de compras, ela está a frente de tudo! Como ela mesma resume “é muita correria e uma área bem ampla”!
Engenheira responsável de uma Construtora, Manu usa sua própria experiência para exemplificar o motivo da procura de mulheres por essa área, “Eu gosto de estar na obra porque todo dia é um novo desafio. Adoro liderar, tomar decisões, não existe monotonia na minha função”.
A equipe brinca como que ela lida no seu dia a dia, pois gosta de colocar a mão na massa, literalmente. A profissional se define diferente da figura do engenheiro que fica somente na parte gerencial e lembra, sorrindo, dos períodos de estágios em que aprendia na prática, “O pessoal da obra estava passando reboco, eu ia rebocar junto! E escutava, ‘nunca vi um engenheiro fazer isso’, mas para eu cobrar, eu preciso aprender a fazer” completa.
A rotina de engenheiras como a da Manuella, é um sinal de que as empresas estão enxergando nas mulheres, novas perspectivas, habilidades e abordagens para as situações rotineiras de uma obra.
E por falar em desafios, a profissional é constantemente questionada se não se sente constrangida em ter que lidar com os homens, em um ambiente totalmente masculinizado: “não, o pessoal é bem respeitador e isso até me surpreendeu! Por estarmos juntos no dia a dia, aprendemos a conversar e a nos ajudar. É muita troca”.
A engenheira também enxerga os motivos de empresas, como a que ela trabalha, estarem mais atentas à força de trabalho feminina, “As mulheres são mais detalhistas, trazem um grande diferencial na percepção de projeto, além de manter o ambiente mais limpo e mais organizado”.
Para quem considera seguir carreira na construção civil, Manuella dá o seu depoimento “Trabalhar em um segmento cheio de desafios, mas também presenciar a emoção do cliente ao receber aquele espaço idealizado e tão sonhado, que você fez parte, cuidou e ajudou de cada detalhe, é muito gratificante!”
Também do time das que gostam de ser disruptivas, Elisângela da Mota Abelin que desbrava o universo da instalação de pisos vinílicos há dezoito anos, nos contou que entrou no mercado porque detectou a falta de mão de obra qualificada e também viu na área uma oportunidade de crescimento profissional.
Como sua família já trabalhava com instalação de outros revestimentos como, carpetes, laminados, papéis de parede, pisos de madeira, etc. sua inserção no segmento foi muito tranquila. E dentre os maiores desafios que enfrentou, ela destaca a refação de serviços de outras equipes não qualificadas, que foram superados com análises técnicas de cada situação.
Esse cuidado característico das mulheres e atenção aos cuidados, é reforçado pela instaladora quando nos falou sobre o que elas podem trazer de positivo para essa área: “Qualidade no acabamento, atenção ao detalhamento da instalação e zelo pelo cliente” e continuou que os clientes estão cada vez mais exigentes e conhecedores da área.
Quando questionada se a instalação também pode ser trabalho para o público feminino, a resposta foi SIM! “Hoje não existem limites e a presença feminina torna competitiva a busca por desempenho de qualidade e propósitos” e arrematou “Busque no mercado de trabalho uma posição de bem-estar profissional, aproveitando as oportunidades de desenvolvimento de um futuro rentável e promissor”.
A evolução cultural na quebra de estereótipos de gênero reflete-se notavelmente no setor da construção civil e o aumento expressivo da presença feminina destaca não apenas a diversidade de funções desempenhadas, mas também a contribuição valiosa das mulheres para a indústria.
Essa mudança é impulsionada pela consciência de que todos possuem capacidade e habilidades que resultam em oportunidades de carreira diversas e gratificantes.
Engenheiras como a Manuella exemplificam a liderança feminina na prática, enfrentando desafios com determinação e trazendo perspectivas inovadoras para o cotidiano da construção civil.
A presença de mulheres, seja na gestão, na execução de projetos ou na instalação de revestimentos, como o exemplo da Elisângela, não apenas desafia o mercado, mas também enriquece o setor com qualidade, atenção aos detalhes e uma abordagem zelosa, proporcionando um futuro promissor para profissionais femininas na indústria da construção.
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