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Graziella Schmitt nos conta sobre bases, encontros e escolhas.


Tudo certo para trocarmos uma ideia através de uma ligação, já que estávamos por aqui em Santa Catarina, e ela, recém-chegada no Rio de Janeiro por conta de um novo trabalho na televisão.


Graziella Schmitt em entrevista para a Finottato
Foto: Jennifer K. Liu

Com a voz calma e simpatia que dava pra sentir através do som de quem falava sorrindo, Graziella Schmitt, gaúcha da cidade de Três de Maio, já sabia desde muito cedo o que queria ser quando crescesse. Segundo sua mãe, declarou ainda bem pequenininha - aos 3 anos de idade - em frente à tela da TV: “Mamãe, eu quero ser igual a ela”, enquanto apontava para a atriz Glória Pires.


Essa vontade se fez presente durante toda a infância da Grazie, que montava esquetes na escola e apresentações para a família, no salão de festas de sua casa. E ela não só atuava, também organizava, distribuía os personagens e se envolvia completamente nas “produções”.


Quando tinha 12 anos, a família que morava em Porto Alegre teve que mudar de endereço para o Rio de Janeiro, por conta do emprego do pai. Animada com a notícia, ela conta que o primeiro pensamento que veio a sua cabeça foi que lá, ela faria teatro: “Eu estava indo pro Rio de Janeiro e sabia que lá tudo acontecia em relação à arte e ao entretenimento. Em Porto Alegre existiam cursos de teatro e alguns grupos, mas dentro do meu universo infantil não sabia disso... o meu único contato com esse mundo era através da televisão”, e por associação as produções importantes aconteciam no Rio de Janeiro.


No mesmo ano da mudança, muitas novidades: a tão esperada matrícula no curso de teatro aconteceu, início de encenação em alguns espetáculos amadores também e a abertura da seleção para o emprego dos sonhos de 10 em cada 10 meninas da época. “... como desde criança eu curtia muito a Xuxa, porque ela faz parte da minha geração, fiquei encantada com aquela possibilidade. Conversei com os meus pais, que ficaram um pouco reticentes pois não queriam que eu começasse a trabalhar tão cedo. Mas uma grande amiga da minha mãe me via ensaiando junto à filha dela e comentava que eu levava jeito, e convenceu os meus pais para que eu participasse do teste”. Por insistência da Grazie e da amiga de sua mãe, ela concorreu com mais 2.500 meninas e garantiu a tão sonhada vaga de ajudante da Xuxa: paquita. E aos 13 anos, a Grazie viu as portas de um novo mundo se abrirem diante de seus olhos.


“Passei no teste e digo que comecei uma carreira profissional a partir dali, porque trabalho com a Xuxa não é brincadeira não. Ela trabalha de verdade e a gente a acompanhava em tudo. De domingo a domingo a agenda era cheia e de muitos desafios, eu tive que aprender diversas coisas, por exemplo: a dançar. A Marlene (Matos) queria um grupo de bailarinas, então eu tive que entrar no ballet, no jazz. Quando eu não estava trabalhando ou estudando – a escola era prioridade para a diretora do programa – eu estava dentro da sala de alguma aula de dança: ballet, jazz, sapateado, dança de salão. Foi muito trabalho, mas também foi incrível. Foi um tempo onde eu pude aprender e estabelecer algumas bases para a minha carreira que eu carrego até hoje”. Foram 5 anos intensos de muitas experiências e uma rotina cheia de gravações dos programas, ensaios, gravações no estúdio musical e ainda, nos finais de semana acompanhavam a Xuxa nos shows que ela fazia pelo Brasil e até no exterior. “Marlene Matos e a Xuxa trabalhavam e buscavam excelência, elas foram uma ótima escola!” comemora.


E toda essa experiência a preparou para assumir vários papéis na TV e no teatro. Ao encerrar os trabalhos como ajudante de palco da Rainha dos Baixinhos, a Grazie cursava Jornalismo e 2 anos depois migrou para Arte Cênicas, nascia então uma atriz.

Elencar o papel mais desafiador e o que mais gostou de fazer não é fácil pois, “... todo trabalho tem os seus desafios” justifica. Dar vida a uma personagem, segundo ela, é extremamente prazeroso, fica complicado escolher, pois cada uma tem as suas particularidades. Mas tem algumas que são especiais. Na televisão ela elegeu a Vivi (Malhação – seriado TV Globo), por ter sido a personagem que a ensinou a relaxar em cena “...eu percebi que estar em cena é um lugar que quanto mais à vontade e mais a gente se diverte, melhor fica, não só para quem tá fazendo, mas para quem assiste”. E a Grazie se divertiu tanto, que foi um sucesso e sua personagem ficou por 2 anos no ar.


No teatro, Sabrina foi quem marcou a vida da atriz: “... eu amei demais fazer! Foi uma personagem de um espetáculo que fiz em 2008, intitulado ‘Limpe todo o sangue antes que manche o carpete’”, sucesso de crítica teatral, do dramaturgo e amigo Jô Bilac – muito aclamado no Brasil. A personagem foi um grande desafio para a atriz “... me tirou completamente da minha zona de conforto. Eu visitei um lugar que ainda não conhecia como atriz, a experiência foi muito boa. Eu tenho muito carinho pela Sabrina”.

TV, teatro, que tal novela em outro continente? A Grazie foi parar lá em Portugal, para viver a protagonista Paula na novela Belmonte: “Passei 11 meses naquela terra que eu amo de paixão!”. Ela tem um carinho especial pelos nativos também: “Depois que você faz amizade com os portugueses você vira família para eles, são muito acolhedores!” Sobre a experiência, resumiu: “E olha só, que interessante. Eu, uma brasileira, fui para Nova Iorque representar uma novela portuguesa” nos contando que, a novela recebeu indicação ao Emmy em 2014 “... essa experiência toda foi incrível: o elenco era maravilhoso, a história era muito boa, nosso autor era ótimo – Artur Ribeiro –, a personagem gostosa de fazer e por fim, a indicação ao Emmy! O que fechou com chave de ouro, foi tudo muito lindo, foi um trabalho muito especial para mim!”


Grazie Schmitt na novela Belmonte
Paula, personagem novela portuguesa Belmonte

Apesar de muitos papéis marcantes, existe uma que tem um lugar especial eu seu coração, segundo a artista. Trata-se da Dana, da novela recente “O Rico e Lázaro”, personagem que começou pequena e ganhou força ao longo da trama “... foi muito forte, tinham cenas muito intensas e profundas, me permitiu trabalhar com uma grande paleta de cores. Ela era uma menina pura, bem solar, e de repente viveu uma situação em que a colocou em um contexto de bastante sofrimento; (...) como atriz foi muito desafiador, eu fiquei muito feliz com as cenas e com o resultado”, vibra.


Cenas da novela O Rico e Lázaro
Grazie e elenco na novela O Rico e Lázaro - Fotos: Roger Gobeth

Tantas personagens fortes e elaboradas, exigem um equilíbrio emocional para não absorver suas estórias de vida. A saída é manter a saúde mental em dia. A Grazie nos contou que hoje ela aprendeu a não ficar com as emoções despertadas durante as interpretações. Elas são sentidas sim, no momento da cena, mas ficam por lá no momento do: CORTA!


Assim como ela aprendeu que os sentimentos das personagens pertencem unicamente a elas, a conciliação da vida profissional com a familiar também fez parte de um processo de aprendizado. Quando a Constance, sua primeira filha, chegou, alguns trabalhos eram feitos pontualmente, o que dava para se organizar deixando a pequena com alguém. Com 8 meses da menina, a Grazie já estava se preparando para voltar à ativa e então veio a pandemia que permitiu que o mesmo ritmo continuasse.

Com a normalidade, veio também a preparação para o retorno pra valer da profissão, inclusive no momento da conversa, a Grazie estava iniciando uma temporada no Rio de Janeiro para gravar uma série da TV Record. Como o Paulo, seu marido, trabalha em São Paulo (onde fica a residência da família), a ideia era que ele se revezasse durante a semana entre a capital paulista e o Rio.



Grazie e marido a espera de sua filha
Foto: Jennifer K. Liu

Para ter uma rede de apoio com as duas pequenas – Constance de 3 anos e Chloé, de 1 aninho – o casal optou por ficar na casa dos pais da Grazie: “... achamos melhor porque é mais um suporte que eu tenho com as duas crianças, além da escola. A princípio, minha estadia vai durar de 4 a 8 meses, ou seja, achamos que para elas seria bom, pois não estamos nos mudando de casa, estamos na casa dos avós o que torna algo mais leve”. Como ela iniciaria uma nova fase, em um ritmo mais frenético, a preocupação era ter a melhor estrutura para que as meninas vivessem este período da forma mais confortável possível, nos contou Grazie.

O amor em todas as esferas da sua vida, faz da atriz uma pessoa exigente, que consegue equilibrar os pratos com maestria – deu para sentir durante a conversa. Ela sempre encontra tempo para estudar, contracenar e ser mãe: “... eu gosto das coisas organizadas (...) enquanto eu estou aqui conversando com vocês, estou com a porta fechada, focada na gente. O mesmo acontece quando eu estou com as crianças, eu gosto que elas tenham um tempo de qualidade comigo, em que eu possa olhar nos olhos das minhas filhas e elas saibam que eu estou ali verdadeiramente e inteiramente com elas”, e completa: “Estamos vivendo um tempo onde as conexões têm se perdido muito, em que as pessoas estão focadas no celular, pensando no que precisam fazer depois, sem presença no momento e essas ações acabam tornando as relações frágeis. Temos que fazer um movimento oposto a isso, de quando estivermos com as pessoas, estarmos presentes”. A Grazie e seu marido ministram cursos sobre comunicação, onde abordam com profundidade sobre a busca pela presença inteira, verdadeira e consciente.


Movimentos e mudanças nunca foram problema para a atriz, sempre fizeram parte da sua vida e ela é agradecida por tudo ter acontecido no momento apropriado.

E por falar em mudanças, um pouco antes de ir para o Rio, a família mudou de endereço, em São Paulo. Como no antigo tinha o piso vinílico, o casal já tinha em mente colocar também no novo apartamento: “... vai ser o melhor piso para as nossas crianças pois é confortável (...) pensamos: ‘não tem como colocar um piso frio, se daqui a pouco a Chloé vai dar seus passinhos e a Constance caminha descalço o dia inteiro’, nós gostamos de andar descalços.



Além do vinílico ser superconfortável nesse aspecto da temperatura, ele também é gostoso de pisar e até para ficar deitado. Eu também gosto muito de alongar e fazer os meus exercícios. E com as crianças, brincamos muito no chão. Tem que ser vinílico, pois é o piso que vai acolher as necessidades da nossa família”. Com essa convicção, iniciaram a busca pelas marcas e chegaram até a Finottato, através da arquiteta que projetou o lar da Grazie.


Como eram duas crianças pequenas na casa, o desejo era não passar por uma obra e sim, utilizar um revestimento que fosse de fácil instalação: “... e o modelo clicado caiu como uma luva! (...) Foi perfeito, em 3 dias a minha casa era outra! (...) eu fiquei impressionada. Eu não precisei tirar o piso antigo, coloquei o vinílico por cima. A acústica do piso é ótima, a experiência foi muito boa e ficou tão lindo, encaixou tão bem!”


A Grazie nos contou um pouco sobre a experiência


E assim, com essa energia boa, de alguém que nos doou com tanto carinho e atenção um pouco do seu tempo, para dividir conosco experiências e o seu amor pela vida, profissão e família, nos despedimos da Grazie, essa pessoa linda e generosa, que adoramos conversar.

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